Estrutura

Criação

A Clínica de Direito à Cidade, Prevenção e Tratamento adequado de Conflitos Público-Privados na Amazônia foi criada para abordar a necessidade urgente de soluções jurídicas práticas e acessíveis na região amazônica. Integrada ao Programa de Pós-Graduação em Direito e Desenvolvimento da Amazônia (PPGDDA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), a Clínica visa promover a justiça socioambiental e o desenvolvimento sustentável, em conformidade com as diretrizes das Portarias CAPES nº 131 e MEC nº 389, e as Resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Seu objetivo é fornecer serviços jurídicos gratuitos e multiprofissionais a famílias de baixa renda e grupos vulneráveis, garantindo direitos essenciais como moradia segura e inclusão social.

Além de enfrentar desafios como a insegurança da posse e a gestão sustentável dos recursos, a Clínica busca prevenir conflitos socioambientais e melhorar a eficácia das políticas públicas. Ela promove uma abordagem integrada que combina ensino, pesquisa e extensão, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região amazônica. Este projeto não apenas preenche uma lacuna na oferta de pós-graduação na região, mas também oferece um espaço de prática educacional e capacitação para discentes e profissionais, abordando as necessidades locais com soluções inovadoras e éticas.

Objetivos

Geral

Promover atividades multiprofissionais práticas, pesquisas e formação continuada de melhoria de políticas públicas de ordenamento territorial na Amazônia Legal, com vistas à concretização dos Direito Humanos e da justiça socioambiental, com ênfase no direito à moradia e às cidades, em conjunto com as instituições e populações beneficiárias.

Específicos

a) Instituir um serviço de atendimento para beneficiários de baixa renda, comunidades, populações e povos tradicionais e instituições prestadoras de serviços públicos na Amazônia como espaço de prática multiprofissional para discentes da UFPA e profissionais da região;

b) Propor estudos e projetos-piloto de otimização e qualificação do uso e do aproveitamento racional do espaço edificado e de seu entorno, bem como dos recursos humanos, técnicos e econômicos empregados no projeto, na construção e no uso da habitação para instituições e população diretamente impactadas por políticas públicas relacionadas com o ordenamento territorial e direito à cidade;

c) Fomentar o adequado processo de regularização administrativa, urbanística, ambiental e fundiária do direito à moradia, no que couber, bem como na assistência técnica para obras e melhorias da edificação, reforma ou ampliação da habitação perante o poder público municipal e outros órgãos competentes;

d) Orientar quanto aos riscos e (des)conformidades inerentes à ocupação de áreas de risco e de vulnerabilidade ambiental de municípios na Amazônia Legal e sociedade civil organizada;

e) Promover a educação urbanística e socioambiental nos processos de ocupação dos sítios urbanos em consonância com as aptidões e particularidades dos distintos assentamentos humanos da Amazônia Legal, com uso de ferramentas multilinguagens para comunicação e participação comunitária em processos de planejamento e gestão das cidades;

f) Desenvolver mecanismos da convivência socioambiental e de cultura de paz na prevenção, tratamento e assessoramento de situações conflitivas que envolvam o uso do território com uso de ferramentas multilinguagens, como rodas de arte, música, teatro e cultura popular.

g) Capacitar e qualificar pessoal e organizações público-privadas para a utilização de abordagens consensuais, dialógicas e restaurativas voltadas à gestão de conflitos, evitação e reparação de danos, promoção do bem viver e da sustentabilidade nos territórios e entre os grupos e instituições beneficiários;

h) Produzir parâmetros de referência para avaliação de políticas públicas, considerando os diferentes povos, tipologias, estruturas e escalas do contexto socioambiental na Amazônia.

i) Produzir e difundir conteúdo científico sobre as pesquisas desenvolvidas na clínica para o meio acadêmico e para a sociedade civil, por meio do processo de democratização do conhecimento científico.

j) Manter uma base de dados sobre as atividades desenvolvidas pela atividade clínica, organizando os dados, sempre que aplicável, por marcadores de gênero, raça, etnicidade e classe;

k) Formar uma rede de parcerias com órgão públicos e entidades privadas que guardem relação com a temática abordada na clínica;

l) Formar pessoal para atuar em processos extrajudiciais em casos envolvendo políticas públicas relacionadas ao objeto da clínica;

m) Organizar eventos científicos, cursos de aperfeiçoamento, e experiências práticas imersivas nas temáticas objeto da atuação clínica;

n) Aferir as condições de (des)conformidades socioambientais, por meio da matriz da Amplitude, Intensidade e Taxa de (des)conformidades;

o) Aplicar o modelo de mensuração da capacidade institucional em estudos sobre avaliação de políticas públicas;

p) Promover eventos nas comunidades atendidas para o compartilhamento dos resultados de estudos, pesquisas e orientação, adotando dinâmicas, linguagens e ferramentas didáticas adequadas ao público;

q) Produzir material de comunicação social, arte e cultura para auxiliar no tratamento dos casos estudados e ampla divulgação como material educativo, tais como: vídeos, documentários, coletâneas de músicas e poesias, dentre outros.

Método Clínico

A metodologia da clínica envolve atividades práticas de ensino, pesquisa e extensão relacionadas ao projeto, conforme a Resolução ICJ nº 38/2022. A abordagem combina ensino, pesquisa e extensão por meio de casos paradigmáticos junto à sociedade civil, órgãos de justiça, reguladores e setores governamentais, utilizando principalmente métodos autocompositivos, justiça restaurativa, advocacy e litigância estratégica.

As estratégias incluem formação para cidadania, controle social de políticas públicas, direito à moradia e vulgarização do conhecimento científico em áreas como Direito Constitucional, Socioambiental e Urbanístico. A clínica também promove o aperfeiçoamento de protocolos multiprofissionais e tecnologias focadas no planejamento territorial e regularização fundiária, além de fomentar a cultura de paz com prevenção de conflitos e assistência técnica.

A assistência técnica integra arquitetura, urbanismo, engenharias, direito, sociologia e outras áreas, oferecendo suporte a famílias de baixa renda em situações de vulnerabilidade e risco estrutural. A capacitação multiprofissional é estendida a estudantes, lideranças comunitárias e movimentos sociais para garantir o direito à moradia e justiça socioambiental. Anualmente, um relatório de atividades será enviado à coordenadoria do Núcleo de Práticas Jurídicas.